Do outro lado: artistas que usaram a música para expor suas batalhas pessoais

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2018 16h48
Reprodução

Avril Lavigne marcou seu retorno com “Head Above Water” e mostrou um lado vulnerável e (até) musicalmente desconhecido dos fãs. A primeira música inédita da cantora em 5 anos expôs sua luta contra a doença de Lyme, diagnosticada em 2015, e toda a dolorosa batalha pessoal.

Avril canta sobre a sensação de estar se afogando, algo que ela sentia durante o tratamento contra a doença que a forçou a se afastar da música. “Eu tinha aceitado a morte”, declarou sobre o processo de composição da faixa.

“Head Above Water” promete ser somente uma prévia do álbum “cru” e vulnerável que Avril irá entregar depois dos anos de espera.

Com o projeto, Avril se junta a nomes como Shawn Mendes, Ariana Grande e Kesha, que também usaram seus lançamentos recentes para expôr batalhas pessoais: algumas que se tornaram públicas – como o processo de Kesha contra Dr. Luke – e outras nunca antes reveladas, como o estresse pós-traumático de Ariana depois do atentado em seu show em Manchester, em 2017.

Relembre alguns:

“Sober” – Demi Lovato

Desde que se internou em clínica de reabilitação pela primeira vez, em 2010, Demi Lovato usou a música para ser sincera sobre sua luta contra as drogas e seu transtorno de bipolaridade. O mais recente exemplo é “Sober”, lançada pela cantora neste ano apenas 2 meses antes de ela sofrer uma overdose, na qual ela admite não estar mais sóbria. As antigas “Skyscraper” e “Warrior” também são declarações pessoais da cantora em momentos difíceis de superação.

“Rainbow” – Kesha

Kesha entregou um dos melhores álbuns de 2017 principalmente por suas letras sinceras sobre a batalha judicial contra o ex-produtor Dr. Luke, que acusa de assédio, e os anos em que aguentou todo tipo de pressão estética no mundo musical. Em “Rainbow”, foi como se Kesha mostrasse a sua voz pela primeira vez e a faixa “Praying” se tornou um hino para a cantora: “eu tive que aprender a lutar por mim mesma; e nós dois sabemos as verdades que posso contar; só irei dizer que isso é eu te desejando até mais; espero que você esteja rezando; espero que sua alma esteja mudando; espero que você encontre sua paz”.

“Sweetener” – Ariana Grande

Ariana Grande passou por um momento assustador em 2017 ao ver seu show em Manchester se tornar alvo de um atentado. A cantora voltou ao local para show beneficente para as vítimas, mas os acontecimentos desenvolveram um estresse pós-traumático na cantora, que relatou as experiências no novo álbum “Sweetener”. O primeiro single “No Tears Left To Cry” mostrou isso: uma forma agridoce de dizer aos fãs que ainda triste, precisa seguir em frente. “Get Well Soon” tratou de sua ansiedade pela primeira vez: “eu estava assustada e não conseguia respirar”, contou no Twitter.

“In My Blood” – Shawn Mendes

Com apenas 20 anos, Shawn Mendes alcançou um nível de fama que poucos conseguem com a pouca idade, mas isso teve seu preço: o cantor passou a ter problemas de ansiedade. Na época trabalhando em seu 3º álbum, ele decidiu usar a batalha pessoal a seu favor e a transformou no primeiro single do novo projeto: “In My Blood”. “A ansiedade é algo que me apareceu no último ano. Eu percebi que a maneira de evoluir era ser mais honesto. É por isso que comecei com o verso ‘deitado no chão do banheiro’. O quão cru podemos ser? Vamos partir daí”, disse ao Beats 1. Não é a toa que a música começa com Shawn dizendo “me ajude”.

“After Laughter” – Paramore

O 5º álbum de estúdio do Paramore trouxe confidências da vocalista Hayley Williams sobre sua saúde mental que deixou todos surpresos. Em entrevistas, ela contou que estava em depressão e lidando com sua ansiedade quando começou a produzir o disco e as músicas refletem bem o momento, principalmente o primeiro single, “Hard Times”, que apesar da batida animada, mostra os dramas de quem tem depressão: “tudo que quero é acordar bem; me dizer que estou bem; e que não vou morrer”. “Pela primeira vez na minha vida eu estou entendendo o que é realmente sofrer com a depressão e isso tem sido muito estranho para mim. Eu tentei descobrir um jeito de juntar meus sentimentos às batidas e ao ritmo e às melodias tentar deixar isso divertido para mim”, contou sobre o disco.

“New Faces” – Mac Miller

Encontrado morto aos 26 anos há poucos dias, Mac Miller usou a música como retrato de seu vício em drogas desde o início da carreira, principalmente na mixtape “Faces”, lançada em 2014. No projeto, o rapper foi sincero sobre o vício e chegou a fazer referência a uma possível morte prematura. “Acabei de consumir meio grama de cocaína; tem sangue saindo do meu nariz; não conte à minha mãe que eu tenho um problema com as drogas; estou alto; dissemos que quando o sol se põe eu fico vivo“, canta Miller na faixa “New Faces”.

“Head Above Water” – Avril Lavigne

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